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O Amor E A Alegria

by Vovo Saramanda

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1.
A Piaba Correu (Orlando Macedo Conceição/ Ubiraci Contreiras Simões) “Seu” coco Dai-me a água pra beber O leite é da moqueca Acompanhado com o dendê (“Seu” coco) “Seu” coco Dai-me a água pra beber O leite é da moqueca Acompanhado com o dendê O coentro dá o gosto O limão, o azedinho A cebola, o ardor E o tomate dá a cor A moqueca está no fogo Tá cheirando, sim senhor O povo está chegando Vou tomar minha cachaça Pra comer dessa moqueca Que aqui você não acha A piaba correu (correu) Mas a arraia ficou A piaba correu (correu) Mas a arraia ficou A moqueca é de arraia É de arraia, sim senhor A moqueca é de arraia É de arraia, sim senhor A piaba correu Mas a arraia ficou Mas a arraia ficou A piaba correu Mas a arraia ficou Mas a arraia ficou A piaba correu Mas a arraia ficou Mas a arraia ficou A piaba correu Mas a arraia ficou Mas a arraia ficou
2.
O Amor E A Alegria (Orlando Macedo Conceição) O tempo… só parou de chover Quando a cadência do samba Começou a soar O samba traz o amor E a alegria Tirando a tristeza do lugar Devagar, devagar De passinho em passinho Na levada do cavaco E o surdo na marcação O pandeiro chacoalha E a cuíca na ação E o tamborim sincopado Vem pedindo este refrão Segura no toco Se não tu cai Ilana (Não cai não) Passa um acaçá no corpo Pra ficar bem ô Ilana (Não cai não) Toma um banho de folha Pra descarregar ô Ilana (Não cai não) Se cruza com pemba Pra continuar ô Ilana (Não cai não)
3.
Brasil Verdadeiro (Orlando Macedo Conceição / Genaldo Antonio dos Santos Novaes) Eu sou Moleque faceiro Sendo brasileiro E quando dizem que eu não quero nada Dou muita risada Brasil verdadeiro Que acorda Bem de madrugada Para trabalhar Que ganha pouco e apesar do sufoco Ainda consegue Sorrir e cantar Sou apaixonado Por minha mulher No fim de semana É bola no pé E pra feijoada Eu dou nó em pingo d’água E quando me falam da tal opressão Eu nunca passei por essa situação Só sei que a cor está no meu pandeiro Eu sou Moleque faceiro Sendo brasileiro E quando dizem que eu não quero nada Dou muita risada Brasil verdadeiro Que acorda Bem de madrugada Para trabalhar Que ganha pouco e apesar do sufoco Ainda consegue Sorrir e cantar Brasil muito duro é coisa normal Viajo apertado no trem da Central Que perda de tempo Nem falo do engarrafamento Os grandes vilões têm muito dinheiro Estão acabando com nosso celeiro Um dia isso muda Brasil verdadeiro Lalaia laia Um dia isso muda Brasil verdadeiro Lalaia laia Um dia isso muda Brasil verdadeiro Lalaia laia Um dia isso muda Brasil verdadeiro Lalaia laia Lalaia laia
4.
Coisa Nossa 03:47
Coisa Nossa (Orlando Macedo Conceição) O silêncio do tamborim A cuíca reclama por quê? A favela sobrevive Só Deus sabe como O silêncio desse povo Cravado nessa nação Sem nenhuma solução Pro meu povo Pois está chegando a hora Dessa grande decisão Tamborim se enquadre agora E comece esta canção (Coisa nossa) Coisa nossa… O samba é coisa nossa E através do sofrimento Meu povo se expressa cantando Em ritmo de liberdade (Coisa nossa) Coisa nossa… O samba é coisa nossa E através do sofrimento Meu povo se expressa cantando Com um grito de liberdade
5.
Despedida (Rommel Ribeiro/Antonio Marinho) O samba me convidou pra despedida Agradecida, eu disse não O samba insistiu disse: é a vida! E comovida, eu disse não Mas quando o samba rufou os seus tambores Aos meus temores eu disse não Mas quando o samba rufou os seus tambores Aos meus temores eu disse não Se na roda vou encontrar velhos amores E novas dores pro coração É lá aonde encontro a alegria E na folia, nova paixão Se o fim do amor é um ponto no tempo Que separa o sofrimento de quem partiu e quem ficou É o samba, é só o samba A cura de todo mal, de toda dor É o samba, é só o samba A cura de todo mal, de toda dor Samba faz do verso a tua lança Dança, faz do corpo o teu altar Samba, traz o pão da poesia E lança nossas dores para o mar Samba faz do verso a tua lança Dança, faz do corpo o teu altar Samba, traz o pão da poesia E lança nossas dores para o mar É o samba, é só o samba A cura de todo mal, de toda dor Samba faz do verso a tua lança Dança, faz do corpo o teu altar Samba, traz o pão da poesia E lança nossas dores para o mar Samba faz do verso a tua lança Dança, faz do corpo o teu altar Samba, traz o pão da poesia E lança nossas dores para o mar E lança nossas dores para o mar E lança nossas dores para o mar E lança nossas dores para o mar
6.
Força Do Universo (Orlando Macedo Conceição) Fala com Deus Que é a força de todo universo E da criação Você tira todas influências Do seu coração Fala com Deus Que é a força de todo universo E da criação Você tira todas influências Do seu coração A vida é uma escola Que não tem férias, meu senhor Vai errando e acertando Acertando com vigor O que o rio deixou atrás Já não pode existir Só ficou dentro de nós O grande amor do Criador
7.
Grande Poesia (Orlando Macedo Conceição) Bateu uma saudade de você Que até pode virar música Essa é uma oração Que faço pra você Bateu uma saudade de você Que até pode virar música Essa é uma oração Que faço pra você Quando o dia vira noite A lua vai surgindo As estrelas se exprimindo Essa grande poesia Que é você, Munda querida Amada e bendita Bateu uma saudade de você Que até pode virar música Essa é uma oração Que faço pra você Essa é uma oração Que faço pra você Essa é uma oração Que faço pra você
8.
Nasce O Divino (Orlando Macedo Conceição) Dê a coroa de ouro que o samba merece Essa força negra ninguém pode parar Que seja na dor e na tristeza O samba e um amigo que nos faz contemplar O samba acalenta milhões de corações independente da classe social Da flor da pele nasce o divino Impulsando energia vital Oh, oh, oh oh umbê bumbá biô Oh, oh, oh oh umbê bumbá biô
9.
Ser Criança (Orlando Macedo Conceição- adap. em francês - Jean François Garneau) Ser criança É a soma de todas as cores É o brotar dessas rosas nos campos em flosres Como é lindo sonhar ser criança também Num mundo imaginativo que é o próprio circo Em círculo também A ciranda e os contos de fadas fazem parte dela E o príncipe talvez Acorde a bela adormecida porque a humanidade está sempre a lutar Sem razão e sem compreensão Destruindo essas flores que há Na verdade seria bem justo se todos pudessem a esse mundo voltar Ser criança outra vez e a paz no mundo reinar Être un enfant C'est la somme de toutes les couleurs C'est éclosion de roses au milieu des champs en fleurs Comme c'est beau le rêve D'être encore un enfant Dans un monde tout imaginaire Un cirque ordinaire En un cercle sans fin Et le ronde et les contes de fées Y tournent aussi et peut-être le prince Réveillez-toi, Belle au Bois endormie Car l'humanité est en lutte toujours Sans raison et sans compréhension Détruisant la beauté qui fleurit Mais pour vrai, ce serait tellement beau Que tous ceux qui reviennent Au monde imaginaire A l’enfant de leur rêve Puissent enfin vivre en paix sur la Terre Num mundo imaginativo que é o próprio circo Em círculo também A ciranda e os contos de fadas fazem parte dela E o príncipe talvez Acorde a bela adormecida porque a humanidade está sempre a lutar Sem razão e sem compreensão Destruindo essas flores que há Na verdade seria bem justo se todos pudessem a esse mundo voltar Ser criança outra vez e a paz no mundo reinar Ser criança outra vez e a paz no mundo reinar Ser criança outra vez e a paz no mundo reinar Ser criança outra vez e a paz no mundo reinar
10.
Vou Descrever (Orlando Macedo Conceição) Meu violão, meu violão Foi quem me ditou esta linda harmonia E assim foi surgindo esta poesia Que orientou esta canção Meu violão, meu violão Foi quem me ditou esta linda harmonia E assim foi surgindo esta poesia Que orientou esta canção Vou descrever a música em termos simples O ritmo e a batida do coração A melodia e o sangue que corre na veia Que emite oxigênio para harmonia Que é o cérebro em questão A melodia e o sangue que corre na veia Que emite oxigênio para harmonia Que é o cérebro em questão Canta sabiá O seu canto e de ouro O seu canto não pode falhar Canta sabiá O seu canto e de ouro O seu canto não pode falhar

about

“O amor e a alegria” traz o samba encarnado em Vovô Saramanda
Percussionista e compositor baiano radicado no Canadá desde
a década de 1980 lança seu novo álbum solo

Leonardo Lichote

“O amor e a alegria”, de Vovô Saramanda, é um disco de samba. Ou seja, suas dez faixas — nove delas compostas pelo artista, só ou com parceiros — seguem a tradição do gênero. Mesmo com o calor elétrico da sonoridade de banda, o chão é dado por instrumentos como violão, cuíca, pandeiro, surdo e cavaquinho. Enfim, o DNA do samba.

Mais do que um disco de samba, porém, “O amor e a alegria” pode ser entendido como um disco sobre samba. Afinal, em muitos momentos seus versos cantam como o gênero é capaz de incorporar forças, anseios e vocações do Brasil e de seu povo. Fala de samba falando do Brasil e vice-versa.

Mas a definição pode ser ainda mais refinada: “O amor e a alegria” é um disco sobre sambas, no plural. Da gafieira ao samba-enredo, do samba rural ao sotaque malandro sincopado de Geraldo Pereira, o álbum passeia por diversas linhagens do gênero, sempre com autoridade e leveza, sem demarcar fronteiras rígidas.

Porém, a melhor maneira de pensar “O amor e a alegria” talvez não seja como um disco “de samba” ou “sobre samba” ou ainda “sobre sambas”. O que sintetiza de maneira mais completa o álbum é vê-lo simplesmente como uma materialização da grandeza suave do que canta. “O amor e a alegria”, portanto, é o samba.

Não se faz algo assim do dia pra noite. “O amor e a alegria” reflete a caminhada musical de mais de 60 anos do compositor e percussionista Vovô Saramanda. Nascido no Pelourinho em 1954, filho da cantora Claudete Macêdo, formado no tambor ainda criança no terreiro de candomblé de sua avó, radicado no Canadá desde a década de 1980, com carnavais, festivais de jazz e espetáculos do Cirque du Soleil no currículo, o artista começou a articular o disco, seu primeiro trabalho solo, há mais de uma década, ao lado do compositor e cantor Rommel, que assina a produção.

— O projeto vem sendo marinado desde 2011, quando Vovô comemorou os 50 anos de iniciação no tambor e no candomblé — explica o maranhense Rommel, também radicado no Canadá. — Para a ocasião, montamos um show que celebrava a data, mas também o samba, até como uma forma de Vovô homenagear sua mãe. Vovô é um embaixador do samba no Canadá e, consequentemente, no mundo. Queríamos marcar isso.

Do espetáculo nasceu a ideia do álbum que se tornaria “O amor e a alegria”. Algumas das canções que estavam naquele show integram o disco, ao lado de outras compostas por Vovô nos últimos anos. A única que não leva sua assinatura é “Despedida”, parceria de Rommel com Antonio Marinho.

— Estabeleci como condição pra produzir o disco que ele gravasse uma música minha — conta Rommel, meio brincando, meio a sério.

O trajeto de “O amor e a alegria”, como o do samba, começa na Bahia. O buliçoso “A Piaba Correu”, que abre o disco, evoca em sua forma o samba do Recôncavo, “mãe” do samba urbano formatado no Rio de Janeiro no início do século XX. Além disso, se filia à extensa linhagem de sambas que tratam da comida como manifestação cultural e social, linhagem que inclui “Feijoada completa”, de Chico Buarque, e “O Quitandeiro”, de Monarco e Paulo da Portela.

Sobre o violão do mestre Roberto Mendes (e de seu filho João Mendes) e a marcação de palmas, Vovô canta uma receita da moqueca de arraia, já que a piaba destacada no título aparece como ausência (“A piaba correu/ Mas a arraia ficou”). No ritmo e nas frases de metais que pontuam a faixa, quase se sente o sabor detalhado nos versos: “O coentro dá o gosto/ O limão, o azedinho/ A cebola, o ardor/ E o tomate dá a cor”.

Os arranjos do disco partiram dos violões de Roberto Mendes (“A Piaba Correu”), João Bouhid (“Coisa Nossa” e “Despedida”) e Manno Lopes (as outras sete faixas). Os metais, porém, são fundamentais na sonoridade. Trombone e sax alto dão o molho ao longo de todo o álbum, ora com tempero jazzístico, ora gafieirístico, ora com acento caribenho, ora com um pouco de tudo.

— Quem faz os arranjos de metais é o Thomas Morelli, um grande trombonista canadense que foi aluno de percussão do Vovô — detalha Rommel. — Ele trouxe uma cor diferente, porque ao mesmo tempo em que carrega uma enorme experiência com música brasileira, tem o olhar de fora.

Introduzido pelos metais, “O amor E A Alegria”, faixa-título, vem em seguida, levando o disco para os salões, sem tirar o pé do interior do Brasil. Aqui, o samba se afirma como a força sobrenatural que quem samba sabe que é real. Ele tem o poder de parar a chuva e de instaurar o amor e a alegria, “tirando a tristeza do lugar”. E, como em “A Piaba Correu”, também descreve uma receita, mas desta vez do próprio samba: “Devagar, devagar/ De passinho em passinho/ Na levada do cavaco/ E o surdo na marcação/ O pandeiro chacoalha/ E a cuíca na ação/ E o tamborim sincopado/ Vem pedindo este refrão”.

A malandragem faz morada em “Brasil verdadeiro”, descrevendo com irreverência esse personagem, “moleque faceiro”, “que ganha pouco e apesar do sufoco ainda consegue sorrir e cantar”. E que, sobre o bandolim que costura a canção, afirma orgulhoso que “a cor está no meu pandeiro”.

Esse mesmo povo é protagonista de “Coisa Nossa”, agora visto pela ótica da violência cotidiana da qual ele é vítima, e que se traduz sempre no samba: “O silêncio do tamborim/ A cuíca reclama por quê?”. Mesmo nesta canção, porém, o disco mantém seu espírito solar — expresso musicalmente e poeticamente da primeira à última faixa. Afinal, o samba, diz o verso, é o “grito de liberdade” em meio ao sofrimento.

A luminosidade também se afirma mesmo no anúncio de fim de que trata “Despedida”, gravada em dueto de Vovô com a cantora Mônica Freire. “É o samba, é só o samba/ A cura de todo mal, de toda dor”, diz a letra. A dor da despedida se mostra mais cortante no solo dolente do sax de Jean-Pierre Zanella, puro jazz.

“Força do universo” é um exemplar bem acabado da filosofia do samba, ou seja, da maneira única, simples e funda, como o gênero olha para a vida — há antecedentes ilustres na seara, como o baiano Batatinha e o carioca Candeia. Aqui, Vovô canta que “A vida é uma escola/ Que não tem férias, meu senhor”. O artista mostra ainda seu domínio da linguagem percussiva do samba, explorando as diversas variações do gênero ao longo de todo o disco em timbres mil, como atabaque, cuíca, agogô, caxixi e pandeiro.

A metalinguagem que aparece em diferentes momentos do disco — e por isso também podemos afirmar que “O amor E A Alegria”, mais do que de ou sobre samba, é o próprio samba — se mostra novamente em “Grande poesia”. “Bateu uma saudade de você/ Que até pode virar música”, canta Vovô, referindo-se à própria canção, uma declaração de amor em forma de oração.

Com jeito de samba-enredo e introdução de metais à la New Orleans, “Nasce O Divino” pode também ser lido como oração, ao apontar para a conexão do gênero com a transcendência, com Deus: “Da flor da pele nasce o divino”. A pureza segue sendo o tema, por outra ótica, em “Ser Criança”, cantada em português e em francês num dueto de Vovô com a cantora Andiara de Souza.

Definida por Vovô como samba de batuque, variante do gênero encontrada no sertão baiano, “Vou descrever” encerra o disco com uma metáfora que amarra com precisão “O amor e a alegria”. Nela, o artista explica em poesia como enxerga e vive o samba: no corpo. “O ritmo é a batida do coração/ A melodia é o sangue que corre na veia/ Que emite oxigênio para harmonia/ Que é o cérebro em questão”. Sob a pele e além dela, Vovô Saramanda é ele mesmo, enfim, um samba.

credits

released September 29, 2023

O AMOR E A ALEGRIA - VOVÔ SARAMANDA

Music Production by Rommel
Editing, Mixing and Mastering by Rafael França
Recorded at Karawara Studios (Montreal): pre-production, percussion and back-vocals, Eric Thé 's (Montreal): drums and guest vocals; BaseBin (Montreal): horns, percussion and vocals; Raflea Music (São Luís): strings and percussion; Casa7 (São Luís): back-vocals between April and September 2022.
Project Coordination by Ana Furlaneto
Artwork by Wallace Roza

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about

Vovo Saramanda Montreal, Québec

Singer song-writer and percussionist from Bahia, arrived in Montreal in 1980 and was one of the first musical pioneers of the Montreal International Jazz Festival and was part of the "O" performance by Cirque du Soleil. He has also worked alongside many artists such as Carlinhos Brown, Kent Nagano, Margareth Menezes, Celso Fonseca, Mart N’Nalia, Monica Freire, Paolo Ramos, Luck Mervil and Rommel ... more

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